terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Todo dia 16 é dia...um ano de cabelo!

Olá corajosos!

Dia 10 de dezembro completei meu um ano sem quimioterapia! Eu renasci nesta data, pois a possibilidade de viver bem foi posta na mesa de novo! Todos os exames estão bons e completei assim meu primeiro ano da remissão!

Como eu me sinto quando estou vencendo meu primeiro ano da remissão!


Tá vai tá mais pra essa daqui em ritmo de natal e com o mesmo cabelinho!




E hoje encerramos o meu ciclo! Como o prometido a evolução de um ano de cabelo após a quimioterapia!
É devastador o sentimento que me toma hoje! Algo tão natural é o sentimento de ter um cabelo. A cada fase da nossa vida nos reinventamos com um novo corte, novas cores ou penteados. Cortar o cabelo, pentear, colorir é mudar e ir expressando para mundo a sua identidade para cada ocasião. Sempre entendi que o cabelo é importante para uma mulher, mas fui forçada pela vida a compreender que não é tudo sobre ela! Cabelo cresce? Sim! O importante é a sua cura? Claro! No entanto, por mais que essa fase de não ter como contar com o cabelo fosse tranquila, pois me adaptei muito bem, não foi fácil! Passei por uma tremenda mudança de mentalidade para aguentar a vida sem cabelo. Era horrível ter que lidar com alguns olhares feios na rua, seja de pena, de medo de ter câncer, seja do que for! Felizmente tive a sorte de poder trabalhar essa ideia, de conviver numa boa sem cabelo, comigo mesma, mas existem pessoas que ficam com o emocional tão abalado que não conseguem ter que resolver mais esta questão dentre milhares. Poderia ser eu a estar assim! Graças a Deus não tomei esse rumo. Gente quem fala que cabelo não importa nesse momento não sabe o que diz! Essa fala, por mais que você pense que vá agradar angustia a pessoa. Insiste em me dizer que o que importa é a minha cura? Convido a raspar o seus cabelos então! A aguentar as piadas na rua! Não foi  fácil para a Carolina Dieckmann raspar o cabelo sendo bem paga por um papel de novela, por que seria para mim que fiz de graça pela vida?


 Eu lembro que em uma entrevista na época da novela ela disse que embora não tenha estado triste no momento ela tem vontade de chorar toda vez que vê! Conseguem ter vagamente a ideia do que é? Não!

Como foi pra a Celle perder os cabelos? 
Eu estava tão triste quando percebi que já não tinha quase cabelo nenhum e parecia tanto com o smigol do senhor dos anéis, que mesmo com a doutora tendo me aconselhado a não raspar, para não debilitar mais ainda minhas defesas e atrair infecções...fiz e me senti libertada, renovada, outra pessoa...linda e maravilhosa! Meu sorriso até ficou mais sincero, aberto! Meu olhar ganhou aquele brilho de novo!




Foi diferente do que costumam passar para nós nos filmes e novelas. Foi um alívio tirar aquele cabelo morto! Até sorri com gosto!

Então a evolução  de 12  meses sem quimioterapia é essa:






Cabelo Cresce! Sim. A vida volta ao normal? Não! 
Você sai desse turbilhão outra pessoa! Você se digere melhor, passa a se conhecer de verdade e a ser uma pessoa de fato mais consciente das atitudes. Você fica mais sensível às coisas que ninguém enxerga e dá valor ao insignificante, pois sabe que é aí que moram as coisas mais bonitas. Seu estado de espírito fica mais alegre diante das adversidades da vida, pois qualquer mínimo problema, que antes você precisava de um exército de força emocional pra resolver, não é nada diante das questões que você teve que lidar (como manuais práticos de como não perder a vida por uma gripe, por abraçar pessoas, por fazer a unha, por depilar as pernas, por ir a missa, por ir ao cinema, por frequentar aglomerações, por tocar em lugares públicos e levar a mão na boca por comer besteiras etc. e tal.). Você consegue entender melhor o outro e as suas questões para melhor ajudá-lo. Todavia, infelizmente você aprende que nem todos vão travar batalhas sinceras por você...nem todos irão cuidar de você, nem todos estarão com você de fato. Verá que muitos falaram que estiveram te dando apoio quando na realidade dá pra contar nos dedos quantas vezes vieram te visitar, ou quando nunca vieram, e só disseram isso para satisfazer seu ego, pra usar a sua doença e sair como bom diante das boas aparências, por benefício de algo...mas e daí? No fundo você sempre soube... e o que importa? Você aprende a sorrir para elas de volta, mas a nunca mais deixarem que elas te roubem de você...que elas te suguem, que elas manipulem você para fazer o que querem! Você aprende a não dar importância a essa dor que antes da doença era tão latente, pois você tem os melhores do mundo do seu lado...Deus, pai, mãe, irmã, marido, vó, tios, tias, primos, alguns poucos amigos... as pessoas que deram tudo que podiam por você, pra tirar nem que fosse um sorriso do seu rosto, ou da cara dos que estavam sofrendo de perto, que mesmo sem estarem doentes fizeram todas as quimioterapias junto com você! As pessoas que fizeram isso por meus pais, irmã e marido são as melhores do mundo, pessoas que a gente nem espera! Há os bons amigos, os que realmente ficam que te surpreendem com tanto amor e há as pessoas que só de olhar criam laços de amizade sinceros! Você passa a lutar pelas coisas que realmente fazem sentido e são necessárias à vida. E essas são as coisas que dão o amor! Por elas é que você deve lutar e gastar a sua vida! Um tesouro escondido que se revela melhor quando você descobre a senha, tal como a lagarta que saiu do casulo, virou borboleta e num mesmo piscar de olhos bateu asas e voou rumo ao belo. Assim é a vida e não deixe de passar por ela sem se conhecer!
Que essa fase sempre me faça lembrar que é possível a metamorfose quantas vezes for, e que começar do zero é custoso, mas lindo e maravilhoso!


A vida precisa do vazio:
a lagarta dorme num vazio chamado casulo até se transformar em borboleta.
A música precisa de um vazio chamado silêncio para ser ouvida.
Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito.
E as pessoas, para serem belas e amadas, precisam ter um vazio dentro delas.
A maioria acha o contrário; pensa que o bom é ser cheio.
Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem parar.
São umas chatas quando não são autoritárias.
Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar.
A essas pessoas é fácil amar.
Elas estão cheias de vazio.
E é no vazio da distância que vive a saudade...
Rubens Alves     



Um comentário:

  1. Menina do céu vc colocou a descrição posso dizer que praticamente exata do que vivi, estava me vendo em cada linha escrita

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