segunda-feira, 23 de março de 2015

O Câncer e o casamento... pro que der e vier comigo!

Olá corajosos do mundo!

Resolvi escrever hoje sobre um assunto que marca muitas mulheres e homens que possuem um relacionamento e de repente descobrem o câncer. Claro que tinha que escrever, pois isso aconteceu comigo e com o Dudu em um momento lindo de nossas vidas! E seria  bom compartilhar sobre como nos sentimos. A missão desse blog sempre foi poder ajudar de alguma forma...e eu nunca havia feito um post inteiramente dedicado ao que eu e o Dudu, meu esposo,​ passamos... da realidade de estarmos ali recém casados com tantos sonhos e com uma doença tão de repente a enfrentar. Conheci tantos casais com essa mesma realidade e que enfrentam juntos tudo independente das circunstâncias...e no tempo do namoro sempre perguntávamos isso um pro outro...
- Você me ama? Independente das circunstâncias?
Era quase que automático a segunda pergunta...parece que até sabíamos de tudo que íamos passar...nada do que passamos neste tempo, e não foi fácil, se compara com o que vivemos agora. Mas em tudo fica a missão de amar! 

Em setembro de 2013 faltando um mês para o nosso casamento estávamos todos sentados no local da festa provando o cardápio do casamento e eu comecei a sentir uma dor muito forte do lado direito do peito e tive que ser carregada para casa, tinha que inflar o abdômen para aliviar a dor e conseguirmos nos arrastar para o metrô, minha mãe me segurava do lado esquerdo e Dudu do direito. Na emergência ficou constatado que eram gases... e se persistisse eu deveria voltar. Fiquei pensando como seria se eu descobrisse tudo ali naquele momento prestes a casar. Então casamos, desfrutamos de todos os momentos e em dezembro recomeçaram as dores... foram três meses fazendo exames e em junho descobrimos o linfoma. Estávamos para completar sete meses de casados e todos os planos foram adiados, viagem, investimentos, filhos daqui a três anos...todo o nosso futuro era incerto, não tínhamos controle sobre nada...talvez com as quimios nunca mais pudesse ter filhos, talvez nem daria tempo de viajarmos...na verdade quando é que temos controle não é? Somos católicos e no dia do matrimônio juramos tantas coisas e dentre elas cuidar um do outro independente do que aconteça, na saúde ou na doença. Nunca esperamos que seja natural que essa realidade da doença chegasse tão rápido em nossas vidas. Ou que a ideia da morte possa nos separar tão cedo.. Temos que estar preparados para tudo!
No dia em que recebemos o diagnóstico choramos tanto à noite abraçados...foram um dos poucos dias em que chorei, ainda estava com os pontos da cirurgia e toda a dor que sentia era o Du que chorava mais por me ver ali naquele estado sem poder fazer nada. Neste dia do diagnóstico eu tinha acabado de ler um blog de uma moça da minha idade "a menina do linfoma" com o mesmo problema e ela havia acabado de passar por todo o tratamento...eu vi ali tudo o que poderíamos perder, tantas coisas que teríamos que evitar, as vezes até um simples beijo deveria ser evitado, não sabíamos nada do que viria pela frente...e depois de tanto chorar acho que percebemos tudo o que poderíamos ganhar com essa história! Dissemos coragem venha cá!

E foi isso mesmo que aconteceu ganhamos muito mais do que perdemos...aprendemos a ter mais paciência, a travar batalhas juntos, a esperar... fomos e somos apoio incondicional um do outro...fomos e somos verdadeiramente "um" como juramos não só na teoria, mas na prática! Nos descobrimos muito mais como casal! Os beijos continuaram intensos o amor quente e tudo mais...esse cara me achava linda gorda, calva, careca ou cabeluda...
   
E qualquer coisa que viermos a perder, mesmo com a perda ganharemos. Pois com esse problema fomos aprendendo a perder e o perder sempre gera um novo ganhar!

"Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta sozinhos. Começamos a vida em perda e nela continuamos. Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo. Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói. 
E continuamos a perder e seguimos a ganhar. Perdemos primeiro a inocência da infância. A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas por que alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair... 

E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar. 

Por que? Perguntamos a todos e de tudo. 

Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás. Estamos crescendo.

Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros. Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo nos é tomado contra a vontade. Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres. E vamos adolescendo ganhamos peso, ganhamos seios, ganhamos pelos, ganhamos altura, ganhamos o mundo. 
Neste ponto, vivemos em grande conflito. O mundo todo nos parece inadequado aos nossos sonhos, ah! os sonhos!!! Ganhamos muitos sonhos. Sonhamos dormindo, sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo. 
Aí, de repente, caímos na real! Estamos amadurecendo, todos nos admiram. Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados. Perdemos a espontaneidade. Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo. 
E continuamos amadurecendo ganhamos um companheiro, ganhamos um diploma. E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva. Mas perdemos peso!!! 
Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos - lhe aquele beijo estalado, mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento.  E assim, vamos ganhando tempo, enquanto envelhecemos."

 
E voltamos a nossa realidade de repente casamos, adoecemos, sofremos e percebemos que ganhamos com tudo isso mais sobre a esperança e o amor!
Que a gente cresça e não envelheça simplesmente sem a esperança e o amor! Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie. Que tenhamos rugas e boas lembranças. Que tenhamos juízo, mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia. Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos. E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam-se amados! Não desista de amar!


E afinal, o que é o tempo? O que são as perdas?


Não é nada em relação a nossa grande missão.

Simplesmente amar!


E que missão! 
A missão de um sim pro que der e vier!








Pro que der e vier comigo!



segunda-feira, 16 de março de 2015

Todo dia 16 é dia - fase sensual seduction!

Todo dia 16 é o dia de colocar a evolução deste cabelinho que cresce!

Estou quase na mudança de fase, cada vez o meu cabelo toma formas mais estranhas possíveis. Não há gel, mousse e nem laquê que consiga abaixar por muito tempo o volume deste cabelo. Não consigo também fazer nenhum penteado. Embora eu compare as fotos parece que ele está demorando muito a crescer. Estou massageando o couro cabeludo sempre e colocando vitaminas para ajudar no crescimento e para aliviar o ressecamento que o reflexo da quimioterapia trouxe aos fios. Ou seja, fazendo todas as gambiarras possíveis sem precisar tomar remédios via oral. Isto por si só já me satisfaz.

Bem esta é a foto de hoje, aquela coloração que fiz no cabelo com o tonalizante biondina à dois meses agora parecem mechas. 


O único penteado que consigo fazer atualmente é inspirado na Anne Hathaway.


Quem disse que cuidar de cabelo curto é fácil? Dá muito trabalho discipliná-los e mudar o visual algumas vezes. Todavia eu morro de paixão por cada fase que entra. 
E todos os dias acordo assim igualzinho o pica-pau!

Todavia adoro esse meu lado sensual seduction...Mulher de Fases!


E me despeço de vocês com um verso que minha prima fez para todas nós que estamos com o cabelinho raiando de luz! 

Ele vai crescer
E em novo e belo ser

Cabelo, arte
Cabelo luz
E assim ele vai conduzindo luz!
( Jamile De Jah)